quinta-feira, julho 18, 2019

Provei uma vertical dos ícones da Luigi Bosca e ainda conversei com o dono, Alberto Arizu.




Uma vertical é sempre especial.
Uma vertical de um vinho feito para resistir ao tempo é melhor ainda.
O Icono da Luigi Bosca, é o vinho mais importante da vinícola.
Provei as safras de 2006, 2008, 2010, 2011, 2015 e 2017.
Uma experiência que ultrapassa os limites gustativos e leva a uma análise da evolução do mercado, a evolução dos vinhos e das pessoas que trabalharam na produção.
Vale ressaltar que todos os vinhos estavam excelentes e tecnicamente impecáveis.
O que mudou foi a proposta.
Isso se percebe muito bem.
E não é uma proposta da Luigi Bosca, é a proposta dos vinhos argentinos que evoluíram de tal forma, que deixaram de ser pesados, com notas de frutas muito maduras (geleia de frutas), alcoólicos, super encorpados e algumas vezes vinhos de uma taça só.
A potência continua lá, a madeira aparece menos, a fruta aparece mais e os taninos unem potência com elegância.
O frescor passou a ser protagonista.
Por mais que o terroir mendocino exija correções de acidez com ácido tartárico na grande maioria das vezes, a acidez parece mais vibrante, mais natural e a evolução no campo e na bodega conseguem corrigir de outras formas o que parecia impossível.
Do 2006 ao 2011, os vinhos mostravam mais madeira e mais concentração, com a fruta ficando em segundo plano, mas ainda assim bem colocada.
A capacidade de evolução do vinho é surpreendente.
Todos ainda tinham cor de vinho jovem e todos tinham os taninos ainda bem presentes.
O 2015 e o 2016 são jovens. Cheios de frescor.
Independente da idade se percebe a mudança de perfil.
Vinhos que dão mais espaço para a fruta bem fresca, nada de geleia, nada de fruta madura demais.
A madeira se sente muito menos e os taninos são granulados, como se fosse um pó de giz.
Apesar de potente e encorpado, a acidez provoca uma salivação deliciosa.
Vinhos suculentos, complexos, cheios de vida e em dia com o que há de melhor em Mendoza.
Conversei com o Alberto Arizu, sobre o preço dos vinhos.
Um vinho na faixa dos 800 reais, provoca uma comparação inevitável com grande vinhos de Denominações de Origem europeias do primeiro time.
O cara vai na prateleira e vê um Borgonha, um Bordeaux, um Barolo, todos na mesma faixa de preço.
Sem discutir qualidade, apenas uma reflexão sobre reputação de regiões míticas e um terroir do novo mundo.
Assista a conversa com o Alberto Arizu.




Avaliei todos os vinhos separadamente.
Seguem as notas:
Icono 2006 - 91 pontos
Icono 2008 - 92 pontos
Icono 2010 - 92 pontos
Icono 2011 - 91 pontos
Icono 2015 - 93 pontos
Icono 2017 - 94 pontos

Importados pela www.decanter.com.br
Preço: 886 reais

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