sexta-feira, junho 24, 2011

Brunello di Montalcino Capanna 2006 - Toscana - Itália


Na prova dos Brunellos 2006 em São Paulo, outro vinho que impressionou bastante foi este aí.
O Capanna era um dos vinhos que estava acima da média.
No nariz as notas de amora, cereja e cassis, se juntavam a notas de funghi, lavanda e terra.
Um vinho muito complexo que deve melhorar muito nos próximos 10 anos. E nem precisa melhorar!
O vinho já é ótimo!
Na boca consegue ser macio, mesmo tão jovem, é encorpado, equilibrado, elegante.
No final longo, notas mentoladas.
Com este vinho não tem decepção.
A única é que me parece que ele não é ainda importado para o Brasil.

Pedro, Cecília e Maria Antonieta...


Cecilia apareceu num dia de inverno rigoroso, bateu na porta e disse que tinha o mundo em suas mãos.
Como assim? Perguntou Pedro.
Trabalho como gerente de exportações, não existe mercado nesse mundo que eu não conheça.
Pedro levantou os olhos por cima dos óculos e deu um leve sorriso da falsa de modéstia de Cecília.
-Não temos dinheiro para pagar alguém que tenha o mundo nas mãos.
-Quem aqui falou em dinheiro? Me proponho a trazer dinheiro, não tirar.
-Então arrumei alguém que tem o mundo nas mãos e ainda trabalha de graça?
-Não exatamente. Acaba de contratar alguém que vai dobrar o seu faturamento e receber uma comissão por isso.
Pedro gostou da falsa de modéstia de Cecília e contratou a morena imediatamente.
Em um mês de trabalho Cecília já havia provado que falava menos ainda do que era capaz de fazer. 
O faturamento da vinícola dobrou em 6 meses e Pedro percebeu que Cecília era muito mais do que competente. Cecília era irresistível.
Os cabelos negros, os olhos escuros, o corpo irretocável.
Curioso era saber que Cecília saía pouco de casa, não tinha namorado e passava suas horas de folga com a família, em Valladolid.
Pedro passou diretamente de admirador a apaixonado.
A timidez atrasou em alguns meses a iniciativa um tanto quanto desajeitada de Pedro.
Num dia de verão, quando provavam as uvas para definir o momento exato da colheita, Cecília colocou maliciosamente uma uva na boca de Pedro, que entre as batidas rápidas de um coração desesperado, pegou Cecília pelos ombros, avançou com os lábios ainda doces e roxos e beijou Cecília enquanto os óculos despencavam.
O beijo foi longo, generoso, doce, molhado, ardente.
Seria melhor se Pedro não esquecesse dos óculos, que fizeram falta no momento de apreciar o corpo esguio e musculoso de Cecília.
A partir desse dia a cabeça de Pedro tinha o pensamento fixo: Cecília.
Os vinhos já estavam em 32 países, 30 vieram com a chegada de Cecília.
Tudo ia bem. Bem demais.
Trabalho, namoro, vinhedos...
Num dia frio de Outono quando as folhas atingiam um tom dourado, Pedro acordou e procurou os braços de Cecília.
Levantou, abriu a janela e nem sinal.
Desceu as escadas, bebeu o café ainda quente e saiu.
Foi direto para o meio dos vinhedos, onde Cecília gostava de caminhar sem rumo.
Já preocupado, Pedro voltou pra casa, correu pelos 4 cantos até perceber bem ao lado da cama um breve, brevíssimo bilhete.
-Gracias por todo... 
O desespero tomou conta de Pedro. O desânimo não deixou que saísse de casa pelos próximos 6 meses. Vendeu toda a produção de uvas pelos dois anos seguintes. Sobrevivia.
Os clientes desapareceram, as uvas vendidas por ele se transformavam em vinhos fantásticos e Pedro apenas pagava contas, ficava grudado ao computador procurando por Cecília e bebendo as garrafas de safras anteriores.
Um dia antes da colheita, quando venderia todas as uvas da produção, um telefonema dos Estados Unidos mudaria todos os planos de Pedro.
-Senhor Pedro, queremos todo vinho possível. Se quiser compramos toda a produção. 
Assustado Pedro reuniu seus melhores amigos e pediu ajuda para voltar ao trabalho. O trabalho foi feito como de costume, as uvas se transformaram num suco concentrado e excelente. 
Nem bem a fermentação terminou e os vizinhos já falavam pelos 4 cantos: - nota 100, o vinho de Pedro recebeu nota 100 do tal crítico americano.
Nem isso dava alegria a Pedro, mas diminuía um pouco a tristeza.
Vinho envelhecido, engarrafado e ânimo parcialmente recuperado. Passaram-se 3 anos, do telefonema até a entrega dos vinhos devidamente criados em barricas francesas.
O comprador americano ficou com 40% da produção, os outros 60 foram pulverizados pelos outros 31 países que voltaram a comprar de Pedro e o mercado interno.
Na nota fiscal que acabara de chegar dos Estados Unidos, Pedro viu a assinatura de Cecília e isso lhe rendeu mais duas semanas sem ver a luz do dia.
Junto com a primavera e com os primeiros brotos de uva, veio uma venezuelana fria e voluntariosa que só se tornaria amável com a timidez de Pedro.

Claro que Cecília ainda deve viver embaixo dos cabelos grisalhos daquele castelhano, mas que Maria Antonieta trouxe Pedro de volta pra vida, ah, isso trouxe...

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Carta aberta da Vinícola Aurora à sociedade brasileira   No início do século passado, algumas famílias italianas cruzaram o Atlântico à pr...