Fiquei conhecendo a técnica numa degustação em Campinas, com espumantes da Cave Geisse. Depois, na Expovinhoff do ano passado, o Juliano Carraro mostrou como funcionava o TPC em sua palestra e encantou alguns produtores europeus presentes.
Agora recebi da Miolo, a informação de que passarão a utilizar a mesma técnica para combater pragas, sem uso de agrotíxicos.
A Miolo Wine Group iniciou nesta safra o uso do TPC (Thermal Pest Control ou Controle Térmico de Pragas), processo de imunização de culturas agrícolas à base do ar quente. O tratamento por calor, usado largamente em vinícolas chilenas e em outras culturas agrícolas, será aplicado nos vinhedos da Vinícola Miolo (Vale dos Vinhedos-RS), da Vinícola Almadén (Livramento-RS), do Seival Estate (Campanha-RS) e da Vinícola Ouro Verde (Vale do São Francisco-BA).
Além de ser mais eficiente, a nova técnica dispensa em grande parte o uso de produtos sintéticos. A cada cinco dias, a partir do período de floração até a colheita, a máquina passará por entre as fileiras dos vinhedos aplicando ventos de 120km/h com temperatura de até 130ºC. “O calor desnatura as pragas e fungos e o vento ainda ajuda a retirar resíduos da floração que geralmente são o substrato para a germinação dos fungos da podridão do fruto”, explica o engenheiro agrônomo Ciro Pavan. Como complemento, serão feitas aplicações de defensivos à base de cobre e enxofre (fungicidas aceitos na agricultura orgânica) a cada 15 dias, intervalo de tempo maior ao usado no sistema de controle parasitário convencional.
“O tratamento com uso de calor não gera prejuízo nenhum às uvas e ao vinhedo. A brotação fica mais rústica, a planta mais robusta e com coloração mais esverdeada. Temos como resultados frutos maduros e sadios”, explica Ciro. Inicialmente, a MWG usará a técnica em parte dos vinhedos dos quatro projetos. Para implementar a técnica, os funcionários receberam treinamento. As máquinas foram adaptadas para cada um dos vinhedos. Os equipamentos são da empresa Lazo TPC, de Bento Gonçalves (RS).