É nesse lugar escondido, entre os bairros da Vila Nova Conceição e Moema, que o amante da boa gastronomia pode encontrar o Chef Patrick Bragato.
Acima de tudo, dá pra perceber logo nos primeiros minutos de conversa, que o cara sabe muito bem o que quer.
Francês, nascido no Brasil, tentou várias carreiras até encontrar na gastronomia o lugar perfeito para dar asas à sua imensa criatividade.
É adepto aos alimentos frescos, naturais e com eles faz verdadeira alquimia com texturas e sabores que podem surpreender.
Ele fala sempre em produtos do terroir paulista.
Portanto, os pratos abaixo, podem ou não estar no cardápio no dia que você for ao restaurante.
O que é certo, é que os pratos serão elaborados com produtos frescos do dia.
Essa berinjela por exemplo (acima).
Tem um molho com redução de sementes, especiarias e aceto balsâmico, a folha de shisô em cima (shisô é uma folha muito usada na cozinha japonesa, conhecida também como perilla, da família das mentas) e o que o chef chamou de terra (azeitona preta desidratada e ralada) em cima de tudo.
O prato é saboroso, fresco, com combinação perfeita dos ingredientes.
No creme morno de cogumelo, mais uma surpresa positiva.
Mais terra.
O creme de cogumelo paris, tinha no meio um creme fouettée (creme batido, como chantilly) e em cima: terra.
Essa terra é mesmo da terra: Café.
A riqueza dos aromas de terra típicos do cogumelo, com o toque forte do café parece um duelo de titãs que no final combina tipo força+força=sutileza.
O Papillote de Alho-Poró parecia querer contrariar o prato anterior. Era sutileza+sutileza= frescor.
Na época em que as cidades brasileiras estão um verdadeiro forno, nada como um prato como este.
Alho-poró, agrião ácido, raspa de limão siciliano e soja.
A beterraba assada no casco, ganha sabor e força com a ricota defumada. Outra alquimia do chef.
Normalmente a beterraba tem sabor de terra e nada mais. Com a ricota defumada, o suco do cozimento da própria beterraba e umas fatias da beterraba crua, ficou com um sabor diferente, que de olhos fechados, provavelmente seria difícil dizer do que se tratava.
A brincadeira vegetariana ganha corpo com o Lírio (peixe de águas profundas) assado em baixa temperatura, com abobrinha primitiva e um caldo de lagostin.
Boa textura, sabor e escolha de ingredientes.
A carne vermelha (de boi) era um entrecôte suculento, bem ao ponto, com Nirá (tipo de cebolinha japonesa) e folhas de Chuchu no vapor.
A surpresa fica por conta de um tipo de pé de moleque, feito com castanha do Pará, que dá o toque criativo do chef, em perfeita harmonia.
Entre as sobremesas, me chamou atenção o arroz doce.
Nunca achei grande coisa num prato de arroz doce...
Mas...
Esse tem pimenta rosa, tem frutas vermelhas e azedinha (que está sempre nas mesas francesas, lá chamada Oseille).
Claro que depois desse festival de criatividade, conversei (entre abóboras) com o chef Patrick Bragato, pra saber como essa história começou:
O melhor de tudo pelo jeito ficou com o preço, segundo a entrevista do chef.
Preço de menus a preço fixo, muito comuns na França.
R$ 69,90
A Au vin fica na Rua Diogo Jácome, 475 - Vila Nova Conceição - São Paulo - SP
O restaurante é também uma loja de vinhos.
Tem pouco mais de 20 lugares.
Vale a pena!!!