quarta-feira, maio 04, 2011
Monsieur Gilbert e as Leveduras Mágicas - Conto
Num pequeno vilarejo do Languedoc, sai de um Peugeot antigo um sujeito de barba branca bem desenhada, corpo esguio e hábito de balançar os ombros quando não sabe ou não quer responder alguma pergunta. No único restaurante da cidade ele se senta e em poucos minutos todos se aproximam e a conversa ganha um ritmo frenético. Com ouvidos a postos escuto a discussão sobre as leveduras que transformam o mosto da uva em vinho. Monsieur Gilbert é um comerciante de leveduras. Um dos amigos mais entusiasmados na conversa se chamava Antoine e é um produtor de vinhos biodinâmicos (ele dizia apenas Biô). Antoine acusava a empresa que Gilbert representava de deixar os vinhos todos iguais: "existe levedura para deixar o vinho mais frutado, mais floral, com mais álcool, com mais estrutura, mais redondo, para vinhos que vão passar mais tempo em barrica, etc... Onde está a característica do Terroir mon ami". Gilbert apenas balançou os ombros. Antoine ganhou apoio de mais dois frequentadores do restaurante e Gilbert balançava os ombros seguidamente. Veio o proprietário do restaurante trazendo um lindo cassoulet em uma cumbuca de barro que esfumaçava aromas que só poderiam lembrar o paraíso. Gilbert se dirigiu ao proprietário e perguntou: tem algum vinho biô para acompanhar esse magnifico cassoulet?
OBS: Os vinhos biodinâmicos usam as leveduras (fungos) selvagens das próprias uvas. A discussão sobre o que é melhor ou pior para a qualidade dos vinhos eu deixo para a turma do Monsieur Gilbert.
O vinho que mais gostei na Expovinis. Um vinho que vale 100!
O Porto Golden White 1963 da Casa C.da Silva me impressionou mais uma vez. Eu estive em Vila Nova de Gaia, onde as preciosidades estão guardadas e tive a sorte de provar também o 1952. Já sabia que os vinhos eram fantásticos, sabia que a Casa C.da Silva guarda o maior estoque de colheitas antigas de Portugal, mas a cada prova um prazer novo.
Na Expovinis a Elsa Couto estava em um cantinho quase virado para a parede no espaço de Portugal. Imagine se eles estivessem no centro da feira!!!
Todos os vinhos provados mostravam que o rótulo Dalva se preocupa em primeiro lugar com a qualidade, para que as colheitas sejam sempre apreciadas mesmo depois de muitas décadas.
O Golden White 1963 é um vinho que merece 100 pontos. Não tem defeitos, não se consegue imaginar algo mais complexo, mais perfeito, mais intenso.
Quem segue o blog sabe que não pontuo, não dou notas, mas que nota eu daria para um vinho perfeito?
Vinho de 48 anos!
Notas de mel, tâmaras, figo seco, caramelo...
Na boca a doçura de mais de 100 gramas de açúcar enche a boca. Vinho denso, bem equilibrado, final muito longo.
Vinho para provar e ir embora pra casa.
Foi o que eu fiz!
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