sexta-feira, setembro 04, 2015

Provei os Portos 63 (Vintage), 64 Colheita (Branco) e 65 Vintage (o meu). Inesquecível...


Imagina provar um porto de 50 anos na semana que completa 50 anos?
Imagina isso?
Mais do que isso, se trata de um Vintage, que é o ponto mais alto de um vinho do Porto.
O Vintage 65 veio como se fosse um presente.


O convite veio do amigo (supercompetente) Eduardo Milan, da Revista Adega, mas claro, com aval do pessoal da World Wine, que comercializa o 65 para outros cinquentões metidos a besta que querem tomar o vinho que viveu o mesmo tempo que eles e passou por aventuras, apertos, felicidades e paixões. Claro que os vinhos não se apaixonam, mas provocam paixões, ajudam na aproximação e na manutenção de grandes histórias.
Mas isso não vem ao caso.


Na escalação, o Vintage 1963, tido como favorito, por ser um dos maiores anos da história do Porto.


E o Branco 64, que por ser um branco, é sempre rodeado de desconfiança e preconceito.


Nestas duas taças estão os melhores da noite. Fácil arriscar que o Branco está aí.
Mas e o tinto?
Vai imaginar que fui tendencioso pela pressão da emoção e preferido o 1965?
Ou vai acreditar que o mítico 1963 estraçalhou tudo?


A verdade é que este 65, que é importado pela World Wine e pode ser comprado por 1100 reais estraçalhou.
O 1963 estava cansado, mas inexplicávelmente cansado.
Muito provavelmente, até por comparação, a garrafa deixou que mais ar entrasse e a oxidação deixou o 1963 cansado.
Tenho que admitir que se o mesmo 1963 fosse um 1915 (com 100 anos), eu estaria aqui enchendo o vinho de elogios.
Mas ele era um 63 com notas fortes de oxidação, acetona... Mas também café, chocolate, figos secos, amêndoas...
Eu tomaria a garrafa toda em pequenas doses...
Nota: 90/100

Tinha seus encantos.
Mas o 65!!!
O Branco era admirável.
Admirável e impressionante.
Tinha fruta.
Maçã verde, cítricos e ameixa preta (passa).
Tinha ainda notas vegetais e muito mel.
Na boca era delicioso.
Encorpado, untuoso, complexo.
Boa intensidade aromática, intensidade de sabor e persistência.
Notas de caramelo, frutas secas e mel.
Longo, longo, longo...
Pra mim um vinho de 95/100 Pontos.
Impecável.



Mas você tá esperando eu falar do 1965 né?
De 1965 pra cá muita coisa aconteceu.
É beber histórias, mas é provar um vinho.
Provar com a maior clareza possível.
Imparcialidade é a palavra.
Custa 1100 reais.
Só tem 300 unidades e mesmo assim, se o Celso La Pastina cismar ele fica com 50 e só vende 250.
Mas como ele não deve ser de 1965, é capaz que venda umas 290.
O Vinho é gigante!
No nariz notas de frutas.
Cereja, ginja, mel, leve curry.
Complexo.
Na boca é encorpado.
Untuoso e meloso.
Notas de mel, tamaras, figos secos, café, chocolate, amêndoa...
Equilibrado, elegante, taninos macios e presentes.
Longo.
Não.
Muito longo.


Repeti a foto para voce poder ler em baixo: Eterno.
Pra mim foi eterno.
Se fui iumparcial?
Acho que fui.
Mas se eu lembrar Nelson Rodrigues, ele disse que o ser humano é capaz de muitas coisas.
Até de coisas boas, boas ações...
Mas não é capaz da imparcialidade.
97/100 Pontos
Preço: 1100 reais
Importador: www.worldwine.com.br

Provei também o Vintage e o Colheita 2000
O colheita fantástico (93/100 ptos), o Vintage novo (90/100 ptos).
Vale guardar.
Vale comprar os dois.

Em Belo Horizonte, um seminário pra lá de Top, explicou o Chile e a Carménère. Em 50 barricas...


Antes do Encontro de Vinhos Belo Horizonte, fui ao seminário do Rafael Prieto sobre os Carménères do Chile.



O Rafael é um cara com ideias brilhantes que consegue produzir vinhos fantásticos unindo cabeças iluminadas em torno das ideias.
Ele convida grandes enólogos que abraçam os projetos e elaboram vinhos de tirar o fôlego.
Só para lembrar de algumas dessas raridades, ficaram na memória as caixas dos Top Winemakers, onde cada enólogo elaborou a sua garrafa.



Lembro do 5x20 mulheres e o 5x20 homens.
5 grandes nomes enólogas entravam com 20% do corte do vinho final e 5 grandes enólogos faziam o mesmo no vinho dos homens.



Depois lembro do fantástico 100 barricas de Chile que conseguiu unir o país em torno de um vinho.
O Seminário tinha como finalidade mostrar o novo projeto: 50 Barricas Carménère.



Muito bem pensada a fórmula do seminário.
Sempre com o competente Ariel Perez, que é mais mago que o Valdívia (além de não se machucar nunca), no comando do serviço e de tudo que apareça pela frente.
Provamos vinhos de Carménère de todos os vales e terminamos com o Grande Vinho.
Era clara a diferença dos vinhos de cada vale e ficou claro qual a contribuição cada vinho deu no resultado final.


No nariz é um vinho limpo, com boa intensidade aromática (média+).
Notas de especiarias, amora, cereja, tabaco e as notas herbáceas típicas da variedade.
Na boca é seco, encorpado, taninos (médio+) com textura muito macia e granulada.
Acidez correta e equilibrada com os taninos (média+), sensação alcoólica pouco marcante (média), boa intensidade de sabor (média+) e boa persistência (média+).
Notas de frutas negras e especiarias, mas algum toque de chocolate amargo, que inclusive foi a sugestão de harmonização do Rafael Prieto, que imediatamente foi aceita e aprovada.
O vinho é jovem e mostra juventude.
Tem estrutura para envelhecer e crescer muito.
Quando as notas terciárias (de envelhecimento em garrafa) chegarem, o vinho deve crescer muito.
Já é muito bom para beber agora, mas deve melhorar em 10 anos.
Nota: 93/100
Espero que venham novos projetos e que a mente do Rafael continue brilhando.

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