sexta-feira, maio 03, 2013

Camarão com Tinto. É a harmonização de Evelyn Fligeri



Não escrevi a coluna da semana passada, pois estava na correria dos eventos aqui em SP. Mas hoje já estamos de volta.
Já que nesse espaço nós costumamos falar de harmonizações, decidi falar sobre uma harmonização que eu DUVIDEI que daria certo e, para a minha deliciosa surpresa foi uma das melhores da minha vida.

Caminhando pelos corredores da Expovinis, chegamos a um stand francês que, além de divulgar seus rótulos, preparava finger food para harmonizar com os rótulos trazidos. Dentre esses petiscos, o que mais me chamou a atenção foi um camarão refogado com alho poró e alcaçuz.
Em um primeiro momento, quando se falou em camarão e alho poró, pensei em um vinho branco para acompanhamento. Um branco leve, fresco, bem geladinho.  Mas, segundo a proposta do chef, o escolhido seria um vinho tinto do Languedoc, elaborado majoritariamente com a casta Carignan.
Confesso que estranhei, mas lá estava eu, preparada para mais uma descoberta deliciosa.
Depois de refogar o camarão, o chef adicionou raspas de alcaçuz sobre o crustáceo e nos serviu. Abocanhei o camarão e, na sequência virei um gole de vinho.
Alguém aqui já viu o desenho Ratatouille

Tem uma passagem em que Remy, o ratinho cozinheiro, fala sobre misturar sabores e diz que quando esses são perfeitos, essas sensações explodem pela boca.
Foi isso que senti, uma explosão de sabores e aromas... As notas de frutas vermelhas do vinho cresceram enormemente na boca, além disso, o sabor do camarão foi enriquecido de tal forma que um novo sabor se formou ali...  Foi uma das harmonizações mais incríveis que pude experimentar! Realmente surpreendente! Vale fazer a experiência em casa! 


Evelyn Fligeri escreve no blog: http://www.tacaserolhas.blogspot.com.br/



Provei a Champagne don Caudron. 100% Pinot Meunier.

Champagne é Champagne de Pinot, de Chardonnay ou 100% Pinot Meunier.
É o caso da Cuvée Cornalyne, que provei na semana passada aqui em São Paulo.
Vale lembrar que outras variedades são autorizadas e usadas por alguns poucos produtores em Champagne, 8 variedades: 
Pinot noir, Pinot meunier, Pinot blanc, Fromenteau (ou Pinot Gris), Enfumé (tipo de Pinot meunier com casca cor de rosa translucida) e ainda 2 variedades antigas: Arbanne e a Petit Meslier. São chamadas de Ancienes Cepages - Variedades Antigas.


A Don Caudron Cuvée Cornalyne, é uma Champagne com 100% de Pinot Meunier.
Tem boa perlage, borbulhas finas e persistentes. Fazem um belo barulho.
No nariz mostra notas de frutas cítricas, brioche, baunilha e alcaçuz.
Na boca tem a cremosidade típica das champagnes.
Boa acidez e bom final, com notas de nozes.
Conversei com o diretor da Cave Cooperativa Don Caudron:




Aracuri Pinot Noir 2012 - Campos de Cima da Serra - Rio Grande do Sul - Brasil


Esse Pinot Noir é mais uma surpresa dessa uva no nosso país.
É uma das variedades mais plantadas no Brasil, principalmente para os espumantes.
Vinhos de Pinot Noir mesmo são poucos.
Provei, há menos de um mês, o Pinot Noir Identidade da Valduga e gostei muito. Agora, encontrei este na Expovinis e me surpreendi, mais uma vez.
A surpresa começa a desaparecer quando sabemos que o mesmo clone foi usado, o 777 e o mesmo porta enxerto 101-14 (um porta enxerto pouco rigoroso, bastante usado na Serra Gaúcha).
Isso explica muita coisa.
Esse clone tem origem em Morey St Denis (Côte d'Or), foi criado em 1981.


Se transforma em vinhos de cor e aromas intensos (se tratando de Pinot Noir, é claro).
Os vinhedos são super jovens, plantados em 2009, apenas 3 anos e já produz um bom vinho.
A diferença entre esse vinho e o produzido pela Valduga, é o terroir.
Este foi produzido em Campos de Cima da Serra, na altitude do Rio Grande do Sul, precisamente a 960 metros acima do nível do mar.
Acredito que, se não fosse a barrica americana, ele seria ainda mais interessante (passou 5 meses em barricas americanas). Mas a madeira não se sobrepõe e a fruta se mostra limpa, bem interessante.
Morango, groselha e framboesa.
A madeira americana é mais agressiva e por sorte foi usada com moderação.
Dá ao vinho uma nota de cacau e de café, bem suave.
Na boca é elegante, típico Pinot Noir, lembra um Morey Saint Denis (veja como os clones fazem diferença) e é longo.
Foram produzidas apenas 2600 garrafas e cada uma custa cerca de 40 reais.
Vale cada centavo.
Um bom caminho para o Brasil, produzir esse tipo de Pinot Noir, elegante e de estilo Velho Mundo.

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