Os dados oficiais nem se dão ao trabalho de citar os 0,5%
de superfície das variedades esquecidas ou antigas.
Só citam os 38% de Pinot Noir, 32% de Pinot Meunier e os
30% de Chardonnay.
O CIVC (Comité Interprofessionnel des Vins de Champagne)
autoriza as variedades esquecidas nos cortes, mas não autoriza o plantio.
Pior, autoriza que as velhas vinhas sejam arrancadas.
A Gamay, por exemplo, era autorizada e utilizada até 1927,
mas hoje só se encontra misturada em vinhedos antigos de outras variedades.
As quatro variedades marginais desapareceram não por não
oferecer qualidade na bebida, mas por darem mais trabalho aos produtores.
A Pinot Gris sofre mais do que as outras com as geadas da
primavera, mas por outro lado tem maturação mais rápida.
A Arbane tem pouco rendimento e é difícil de prensar, de
retirar o suco.
A Petit Meslier tem pouco rendimento e é sensível ao
Botrytis.
A Pinot Blanc desaparece sem explicação mesmo.
Houve um tempo que que cada vila da Champagne se orgulhava
de suas variedades autóctones, hoje são alguns produtores que não deixam as
variedades desaparecerem da região.
Se você visitar a Champagne ou comprar uma garrafa na
França ou Estados Unidos, por Exemplo, deve tentar fugir do óbvio.
Sempre se deve fugir do óbvio para aumentar o conhecimento
e dar valor ao patrimônio natural de cada região.
Vale muito a pena provar essas Champagnes.
A Moutard é a mais conhecida.
Elabora uma Cuvée 100% Arbane (que oferece notas de
tangerina).
A Drappier também já lançou uma champa chamada Quattuor
com as cariedades Chardonnay, Pinot Blanc, Arbanne e Petit Meslier.
A Aubry é uma verdadeira trincheira de preservação.
Faz questão de elaborar diversas Cuvées com variedades
esquecidas.
Outros menores, mas nem por isso menos corajosos, também
seguem mantendo a tradição, como a Champagne Aspasie com uma Cuvée 40% Petit
Meslier, 40% Arbane e 20% Pinot Blanc.
Agora temos que fazer nossa parte e procurar essas
garrafas apoiando os produtores.
Acredito que nenhuma dessas chegue ao Brasil por enquanto,
mas se for viajar, fuja do óbvio e não se arrependerá...
Além disso, ajudamos a preservar a história.