sexta-feira, março 11, 2011

Valmarino X 2005 - Cabernet Franc - Pinto Bandeira - RS


Um Cabernet Franc raçudo, muito bom e brasileiro!
Mais uma vez sugiro aos preconceituosos que comprem este vinhos, comprem um outro Cabernet Franc da mesma faixa de preço e proposta e prove os dois às cegas.
Todos, e até Michel Roland, falam da adaptação da Merlot no terroir gaúcho, eu concordo que a Merlot brasileira da vinhos excepcionais, mas acrescento sempre a Cabernet Franc.
Este Valmarino ano X, safra 2005, é um ótimo vinho.
Tem 14% de álcool.
A cor não entrega os 6 anos de vida.
Intenso, concentrado, encorpado.
No nariz amora, tabaco, defumado, especiarias, couro e café.
Foram engarrafadas 6800 garrafas, numeradas.
Estagiou por 6 meses em barricas de carvalho e mais 2 anos em garrafa antes de ser comercializado.
Na boca é denso, tem bom equilíbrio e a elegância típica da Cabernet Franc.
A madeira parece bem integrada, os taninos são macios e a acidez deixa a boca salivando, pedindo mais vinho.
O vinho não foi filtrado e se percebe pela quantidade de depósito no final da garrafa. Nenhum problema!
Final de médio pra longo.
Preço na casa dos 50 reais.

O Vinho e a Pintura - Leonetto Cappiello 3

Mama Mia!


Buongiorno Cesare!
Buongiorno Cesare!
Todos naquele pequeno vilarejo toscano conheciam Cesare.
Ele nasceu lá, cresceu, viveu fazendo o mesmo que seu pai.
Saia pouco da cidade. Passava os dias olhando para os vinhedos e sempre achava algo que poderia deixar as uvas ainda melhores.
Dedicação total!
Morava com a mãe Prosella e a irmã Monica.
O pai morreu vitima de um enfisema pulmonar e principalmente vítima do cigarro, que entrou na sua vida nos campos de batalha e que fez com que perdesse a guerra pela vida.
Cesare sofreu muito, mas os vinhedos nem sentiram a diferença.
Dedicado, perfeccionista e trabalhador!
Um mês antes da colheita, Cesare foi contrariado para a Rússia, divulgar seus vinhos com o importador local.
Nem bem colocou os pés no país viu uma jovem loira, de olhos azuis, alta, sorridente, linda!
A moça segurava uma placa com seu nome, mas a placa ele só viu depois.
Nina era filha de pai italiano e mãe russa.
Seria sua intérprete e anjo da guarda pelos 3 dias que passaria em Moscou.
A hipnose foi tanta que Cesare ficou sem palavras.
O sorriso de Nina ao invés de provocar o sorriso de Cesare hipnotizava, imobilizava os músculos do rosto jovem, levemente avermelhado, traços de um italiano daqueles que as mulheres adoram. Suspiram!
Claro que Nina suspirou também!
Sorria pela simpatia, pelo seu jeito de ser e pelo encantamento.
Na chegada ao hotel Cesare fazia hora para subir até o quarto, queria olhar para Nina, mesmo que imóvel, estranho e calado.
Subiu e em menos de 2 minutos já estava de volta: "Andiamo"
Nina sabia que estavam adiantados para a degustação em um restaurante próximo ao hotel, então fez um city tour com Cesare que continuava calado, hipnotizado, louco!
Em plena praça vermelha, ainda sem nenhuma palavra Cesare beijou Nina.
Os três dias se passaram, a semana passou e Cesare nem lembrava que tinha vinhedos para cuidar, uvas para colher e vinhos para produzir.
Veio a época da colheita e Prosella e Monica, que sempre olhavam o trabalho, mas nunca mexiam em nada, colocaram a experiência visual em prática.
Os trabalhadores da colheita vieram como sempre vinham.
Prosella colocou a mão na massa, do alto de seus 90 quilos e 1 metro e 60 de altura, andou pelos vinhedos, deu ordens, colheu, comandou a triagem, gritou, fez tudo que podia.
Monica sabia tudo da vinificação, embora nunca tivesse feito.
Fez.
Os vinhos estavam nas barricas.
Cesare estava em Moscoou.
45 dias depois da colheita Cesare voltou casado.
Levou uma bronca danada de dona Prosella, provou o vinho nas barricas e ficou impressionado.
Monica foi tão elogiada por Cesare que nem teve tempo de brigar com ele.
O sorriso de Nina afastou todo tipo de raiva, ciúmes, antipatia.
No almoço em comemoração ao casamento e a volta pra casa terminou com poucas palavras de Cesare: Grazie mama! grazie sorella! Grazie Nina!
-com todo meu empenho, todo trabalho de uma vida nos vinhedos, percebi que as coisas andaram bem. Não sou insubstituível. Ninguém é!
Ou melhor Nina é!

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