terça-feira, março 03, 2015

Porque o Brasil colocou 2 vinhos entre os 5 melhores do Encontro de Vinhos Rio de Janeiro?


Porque os vinhos são bons e os produtores valentes.
Valentes porque enfrentam o preconceito, enfrentam impostos, enfrentam desorganização e incompetência dos órgãos que deveriam ajudá-los e valentes porque aprenderam a enfrentar os concorrentes.
Há alguns anos, Daniel Perches e eu, que organizamos o Encontro de Vinhos, oferecemos para o Ibravin um incentivo aos produtores brasileiros dando um desconto significativo pela participação na feira para um grupo de no mínimo 10 expositores. O acordo durava um ano e em nenhuma feira eles trouxeram 1 expositor. Os brasileiros que estavam na feira, são os que sempre acreditaram nela, com Valduga, Miolo, Domno, Adolfo Lona, Cave Geisse, Aurora, nem sabiam do acordo com o Ibravin.
Por isso acabamos com a facilidade e falamos diretamente com os expositores, obviamente sem o benefício que tínhamos acordado com o Ibravin.
O Ibravin preferiu fazer um circuito de feiras onde os brasileiros se apresentam sem nenhum concorrente, sem possibilidade de comparação para sabermos se realmente o nosso produto é de nível internacional. Como se tivessem medo.
No Encontro de Vinhos passaram muitos brasileiros sem medo.
A Valduga venceu um top5 com o Raízes, a Miolo colocou vinhos entre os 5 melhores, Adolfo Lona deixou Champagnes para trás numa das feiras em São Paulo, Pizzato, Lídio Carraro, Villa Francioni (que também ficou entre os 5 em Campinas no ano passado), e outras que resolveram enfrentar vinhos do mundo todo com a cabeça erguida, com coragem e confiança.
Eu sei que o vinho brasileiro pode competir com vinhos de qualquer lugar do mundo, alguns produtores também sabem, os dirigentes talvez não.
Outros países, participam muitas vezes em grupo e são subsidiados pelos orgãos (dessa vez sim) competentes.
Nessa edição do Rio de Janeiro, tivemos mais brasileiros.
Mais expositores que acreditaram que estar ao lado de um vinho importado permite uma comparação que derruba preconceitos e abre os olhos dos profissionais e consumidores preconceituosos.
O resultado do Top5 foi isso.
Parabéns aos produtores brasileiros!

Vinho brasileiro de Santa Catarina vence o Top5 do Encontro de Vinhos Rio de Janeiro


É sempre bom ver um vinho brasileiro entre os cinco melhores, dois então, nem se fala.
O Leopoldo 2007, da vinícola Santo Emílio, de Santa Catarina, conseguiu uma vitória importantíssima.
Eram 54 amostras de diversos países, com vinhos realmente muito bons.
É um corte bordalês (Cabernet Sauvignon/Merlot).
Para se ter uma ideia, o alentejano Pêra Grave Reserva, um vinho consagrado, foi o segundo lugar, seguido por outro brasileiro, esse da Campanha Gaúcha.
O Rastros do Pampa Cabernet Sauvignon, foi outra surpresa maravilhosa.
O Pampa Gaúcho já é uma realidade quando se fala em vinhos brasileiros de qualidade. Com um clima mais fácil do que a Serra Gaúcha, as uvas conseguem uma maturação mais interessante e o resultado normalmente é muito bom. Isso não quer dizer que a Serra gaúcha não tenha vinhos fantásticos também e espumantes de nível internacional.
O Quarto e o Quinto colocados, ficaram com a mesma vinícola, a Norton, de Mendoza.
O interessante, principalmente para o consumidor, é que o vinho mais barato ficou na frente do vinhos mais caro.
Isso significa que o vinho mais barato, hoje está tão bom quanto o mais caro, que obviamente deve evoluir e ficar melhor com o tempo.
Quem for ao Encontro de Vinhos rio de Janeiro, na próxima Quinta, pode tirar a prova.
Valeu, Brasil!!!

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