Nos somos tão acostumados com vinhos dos nossos vizinhos argentinos e quase vizinhos chilenos, que quando saímos disso vamos para os vinhos de nossas raízes familiares e culturais europeias e dificilmente saímos disso.
Falo do brasileiro, em geral.
Mas o mundo do vinho é muito mais abrangente.
Hoje falo um pouco da Romênia, começando com esse mapa muito bem pensado que mede a importância produtiva de cada região pelo número de barricas no mapa.
Só pra se ter uma ideia, a Romênia produz 4 milhões de hectolitros em 200 mil hectares de vinhedos.
Os vinhos normalmente são bastante aromáticos e frutados, principalmente pelo uso das variedades autóctones.
Vale dizer que os vinhos melhoraram muito nos últimos 10 anos e estão hoje num nível bastante elevado.
Sobre as condições para a produção de vinhos, são boas.
Bastante sol nas épocas importantes, situação geográfica no paralelo 45 (o mesmo de Bordeaux), vinhedos plantados em colinas com solos ricos em potássio e nitrogênio e gente acostumada com a viticultura.
O inverno, muitas vezes, rigoroso demais, pode atrapalhar, assim como os verões muito secos, que podem provocar o estresse hídrico na planta. Felizmente esse quadro não acontece todos os anos.
Neste outro mapa, as regiões detalhadas.
Os terroirs de tintos e brancos.
Também se produz rosés em quase todas as regiões.
Vou falar das variedades.
Primeiro as autóctones.
Feteasca regală (branca)
Variedade mais usada, com 13 mil hectares plantados.
É originária da Tansilvânia (lembra do Drácula? deve ter bebido vinho dizendo que era sangue. rs).
A variedade foi identificada pela primeira vez em 1920 e hoje ocupa todas (8) as regiões do país, além de ser encontrada na Áustria e na Hungria.
Os vinhos brancos produzidos com ela, apresentam entre 10,5 e 11,5% de álcool e harmonizam bem com peixes, frutos do mar e carnes brancas em geral.
Grasa de Cotnari (branca)
Cultivada desde o século XV em torno da vila de Cotnari, a variedade é o orgulho dos moradores da Moldávia Romena.
Existe até uma lenda que liga Estêvão (o Grande) ou Estevão III da Moldávia ao vinho elaborado com ela.
Os principais são os vinhos demi-sec ou os licorosos com forte concentração de açúcar (240 gramas por litro) e álcool (15%).
Foi sucesso na exposição universal em Paris (a mesma da apresentação ao mundo da Torre Eyfell), com o nome "grasa de Cotnari".
Hoje o vinho é um dos símbolos de qualidade do país com mais de 25 milhões de euros em negócios (números de 2014).
Feteasca albă (Branca)
É a segunda variedade mais cultivada do país, com 11 400 hectares plantados, principalmente da Moldávia e na Transilvânia.
Os vinhos produzidos com ela são brancos secos ou demi-secs, com concentração de álcool (11,5 a 12%) e açúcar moderado.
É a uva sempre utilizada pelos produtores de Espumante da Romênia.
Băbească neagră (tinta)
Essa variedade ocupa 6 mil hectares de vinhedos, principalmente na Moldávia.
É usada na produção de vinhos correntes, para consumo no dia a dia.
Normalmente são vinhos leves e frutados, com graduação alcoólica entre 10 e 11%.
Os melhores vinhos, são os elaborados na vila de Nicoresti (Moldávia) que tem inclusive uma denominação de origem controlada.
Tămâioasă românească (branca)
Também chamada Mouscat Roumain, é uma variedade originária da Grécia Antiga e chegou pelas mãos dos romanos.
Hoje ocupa cerca de 1000 hectares, principalmente na região de Tirgu Jiu, na Moldávia Romena.
Ela se transforma em brancos doces e aromáticos de qualidade e com uma graduação alcoólica em torno dos 12%.
São ideais para acompanhar sobremesas, são ricos em aromas, principalmente de flores e mel.
Muita gente classifica essa variedade como a mais importante da Romênia.
Feteasca neagră (tinta)
Variedade tinta que se transforma em vinhos com aromas de uva passa, concentração de álcool em torno dos 12% e que podem ser doces, secos ou demi-secs.
A variedade resistiu a filoxera e hoje atrai cada vez menos viticultores.
São menos de 2500 hectares plantados com ela, principalmente na Moldávia.
Galbena de Odobeşti (branca)
No passado foi a variedade mais cultivada na Romênia.
Hoje está apenas no sul da cidade de Vrancea (Moldávia).
A causa da diminuição do cultivo foi a baixa resistência a pragas.
Os vinhos elaborados com ela são brancos secos e com pouca acidez.
A graduação alcoólica fica entre 9 e 11% e devem ser consumidos jovens.
O ponto alto é a sensação de frescor que deixa na boca.
Busuioacă de Bohotin (tinta)
Usada principalmente na produção de rosés, ela ocupa uma superficie minúscula, perto de 100 hectares.
Os rosés são surpreendentes com aromas de pêssegos e madressilva.
A graduação alcoólica dos vinhos varia entre 11,5 e 12,5%.
É considerada uma das grandes riquezas do vinho romeno.
As variedades internacionais cultivadas na Romênia são:
Merlot, Aligoté, Sauvignon Blanc, Riesling Itálico, Cabernet Sauvignon e Muscat Ottonel.
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Um comentário:
Olá Beto,
se importaria se eu deixar aqui a referência a um texto que elaborei sobre os vinhos do país?
http://www.sobrevinhoseafins.com.br/2015/09/romenia.html
Creio que complementa o seu texto, descrevendo um pouco sobre as características de cada região.
Abraço.
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