Eu sou um amante do vinho e confesso que respeito qualquer tipo de produção, desde que ela atinja a finalidade de fazer um bom vinho.
Confesso que como jornalista, prefiro falar com produtores de vinhos organicos, biodinâmicos, naturais... São pessoas interessantes e apaixonados pelo vinho e pela natureza.
Provei o Sui Generis da forma que mais gosto e defendo: sem ver o que estava provando.
Às cegas.
O vinho foi levado para a confraria Taninos no Tucupi, no Restaurante Tordesilhas da incomparável chef Mara Sales.
Quem levou o vinho foi o José Luiz Pagliari, um dos caras mais queridos e respeitados dessa vinosfera.
Claro que às cegas ninguém sabia o que cada um tinha levado.
Os vinhos eram todos maravihosos (na verdade não gostei apenas de 1, eram 12).
Tinham branco da Borgonha, tinha Bussaco branco, tinha branco da Hungria, enfim...
Quando provei o vinho número 7, senti logo a diferença.
Era o diferente bom.
A cor era amarelo ouro (está na categoria dos vinhos laranjas, que são brancos macerados com as cascas, como os tintos e ganham esse nome pela cor que lembra o alaranjado).
No nariz muito boa intensidade aromática (média+).
Notas de ervas aromáticas, alecrim, boldo, hortelã... floral (dama da noite) e um toque cítrico talvez lembrando grape fruit e algo de manga.
Na boca é seco, tem bom corpo (médio+ para um branco), acidez (média+), sensação alcoólica bem suave (média-) e final longo.
Tive a sensação que esse vinho pode ser muita coisa.
Pode mudar de aromas e sabores, pode brincar com nossos sentidos.
Nota (na hora da prova às cegas): 91/100
Preço: 98 reais (na carta de vinhos da Enoteca Saint Vin Saint, em São Paulo, especializada em vinhos naturebas).
Relação preço/qualidade: 4/5
*A Malvasia de Cândia ganhou esse nome quando a República de Veneza tentou ocupar uma fortaleza na região do Peloponneso, na ilha de Creta. O nome tem origem na cidade grega (Iráklio) Heraclião (capital da ilha de Creta), que era chamada Cândia (Chandax) pelos latinos. Como os venezianos gostaram do vinho cretense, levaram mudas da variedade, que acabou se espalhando por toda Itália.
O nome Malvasia é dado para uma série de variedades diferentes que são identificadas melhor pelo sobrenome. Interessante a evolução. Primeiro se chamava Monembasia, depois Malfasia e enfim, Malvasia.
Os descendentes de italianos, levaram a variedade para a Serra Gaúcha.
Em tempo: o Eduardo Zenker me informou que foram produzidas apenas 240 garrafas (me senti um privilegiado), e que praticamente todas foram vendidas, apenas 25 ficaram num estoque técnico.
As uvas são da comunidade São jorge, em Garibaldi, da família Lazzari.
Elaborado em vinificação laranja com maceração de 8 dias, com 6 meses de barrica americana nova.
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