Era muito estranho para João, entender porque todas as noites uma das três mulheres contratadas para a colheita, entrava em seu quarto, entrava debaixo dos lençóis e começava um exercício que não seria nada normal ser contado com todas as letras em um blog onde o assunto principal é o vinho.
O estranho é que as 3 mulheres contratadas para a colheita eram bem tímidas.
Eram trabalhadoras, sérias...
Mas ele acordava vendo aquela pele morena levantando da cama e saindo rápido como uma fuga mesmo.
A noite ela chegava lentamente, como se convidasse para algo que todo mundo pode saber perfeitamente o que é.
Os lençóis brancos como se tivessem feito parte daquelas propagandas de sabão em pó só eram vistos pela manhã.
A noite eram só obstáculos entre ele e a misteriosa mulher que entrava no quarto, enchia ele de beijos, carinho e amor antes de fugir pela manhã.
Era como uma hipnose.
A curiosidade fazia com que ele tentasse ficar acordado, mas parece que ela esperava o momento certo para atacar.
Numa noite, quase no fim da colheita, tomou quase uma tonelada de café para ficar acordado.
fingiu que estava dormindo.
Chegou a fazer barulhos de ronco.
Ela entrou.
Se enfiou debaixo dos lencóis.
Começou seu ritual irresistível e até impublicável, quando João viu que se tratava de Maria Inês.
Ela era a mais tímida.
A mais séria.
A mais respeitosa.
A mais linda.
A mais misteriosa.
Ele fingiu que estava dormindo, fingiu que não sabia quem era.
Fingiu como na verdade fingia nas outras noites, mas dessa vez tinha certeza de quem estava na sua cama.
No pouco tempo que restava na sua mente para pensar em outra coisa, pensou em como se revelar nas primeiras horas da manhã.
Infelizmente dormiu sem perceber.
Maria Inês saiu sem ser notada.
No dia seguinte, falar alguma coisa seria quase uma despedida.
Faltavam 3 dias para todas as uvas saírem dos pés para se transformarem no melhor vinho do Alentejo.
Melhor esperar.
Foram 3 noites de amor, e nem era preciso tomar o café.
Na última, ele tentou de todas as formas revelar pra ela que sabia perfeitamente o que estava acontecendo.
Mas misteriosamente dormia.
Era como uma consulta com hora marcada.
No dia seguinte o pagamento foi feito, os agradecimentos, a festa e nada de ter coragem de dizer o que queria...
João não queria que aquilo acabasse.
Maria Inês não teria coragem de se revelar, mas nem que o mundo acabasse.
Depois da festa ela fez mais uma vez o ritual que durou toda a colheita.
João pensou que o movimento da noite impediria a nova investida.
Ficou acordado e dessa vez ele fez tudo como queria.
Nada de adormecer.
Maria Inês bem que tentou.
O sol entrava pela fresta.
Ela fingiu que estava dormindo.
A Lua já se apagava pelo sol.
João olhava para o corpo de Maria Inês.
Era vez dela dormir, mesmo que de mentira.
Ele beijou sua boca com força.
Falou segredos.
Falou verdades.
Algumas mentiras.
Ela enfim resolveu acordar.
Pegou uma camisola, levantou com pressa e saiu.
João apareceu na despedida e deu um beijo no rosto de cada trabalhadora e um aperto de mão em cada trabalhador.
Maria Inês se despediu como as outras.
João ficou decepcionado.
Na verdade nunca havia sentido algo parecido.
O mistério somado a todo o resto era um sonho.
Na verdade nunca havia sentido algo parecido.
O mistério somado a todo o resto era um sonho.
Bebeu uma garrafa de vinho e foi dormir mais pra lá do que pra cá.
No meio da noite aconteceu tudo de novo.
E continua acontecendo...
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