Não era normal a dedicação de Marcello.
Tudo que Giulia queria ele dava um jeito de conseguir.
Fazia tudo com boa vontade como se fosse (e acho até que
era) vontade dele mesmo.
Pensava em tudo que fosse para o bem dela.
Giulia saía para abrir mercados, vender vinhos e encontrar
importadores pelo mundo.
Ele ficava estático (mas não muito), cuidando dos vinhedos
como se fosse o filho que nunca tiveram.
Normalmente passavam os finais de semana juntos, mas em
viagens longas e casos especiais, nem isso.
Precisamente de terça a sexta era certo. Giulia pegava sua
pequena mala e se despedia com carinho (e talvez amor).
Marcello sabia que aqueles vinhedos, bem no coração do
Piemonte, não podiam ficar sem ele. Giulia podia.
Mas era com dor que se despedia e com solidão que contava
cada segundo até que Giulia voltasse.
Ela telefonava quase diariamente e esse quase matava Marcello
de ciúme e desconfiança.
Ela concordava com ele mas não deixava de sair.
Pior quando esquecia de telefonar (ou não queria).
Marcelo quase morria de ciúmes de raiva.
Mantinha a calma, mantinha o carinho, mantinha o respeito.
Giulia não abria mão daqueles momentos de diversão.
Marcello tentava sempre acreditar em Giulia, mas realmente
não tinha certeza de nada.
Podia ser uma diversão entre amigos e amigas ou algo mais.
Ele fazia apenas sua parte e sofria.
Mas ninguém deve ter o sofrimento como parte de nada, por
isso, Marcello pediu para que Giulia não ligasse mais durante a noite, apenas
durante o dia, quando realmente trabalhava.
A diversão “solitária” de Giulia incomodava Marcello.
Marcelo amava como nos filmes.
Algo sem fim e sem limite, que ficaria melhor ainda num
papel de Marcello Mastroianni ou para ser mais atual, Leonardo DiCaprio.
A história seguiu bem até a parte que sei.
O amor de Marcelo é quase indestrutível.
É certo que Marcelo com o tempo acostumou sem os
telefonemas. Certo também que talvez aquela voz doce antes de dormir eram parte
desse amor.
Talvez Marcelo tenha se acostumado a perder Giulia aos
poucos.
Alguns meses depois os telefonemas diários também pararam.
1 ano depois as viagens ficaram mais longas.
Os dois anos nem chegaram para os dois.
Numa manhã de domingo, Giulia saiu com uma mala maior, sem
olhar para trás.
Marcello sobreviveu.
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