Não é fácil admitir. Justo eu, uma apaixonada declarada pelas cervejas belgas, me vi perdidamente encantada pelas americanas. E o mais difícil foi admitir que não foi um caso passageiro não... não foi um amor de férias, nem de primavera. O encantamento pelo doce amargor passou a ser um caso sério, desses que veio pra ficar.
Bastaram menos de 15 dias – 13 para ser mais exata, percorrendo tradicionais pubs americanos e me deliciando com a grande variedade de chopps para engatar de vez o namoro com o lúpulo. Uma cena que gostaria de ver no Brasil com a mesma facilidade que eu vi por lá: casas com 30, 60 biqueiras, cada uma com uma preciosidade diferente. Para todos os gostos, de vários estilos. Claro que o gosto local prevalece, um estilo bem comum por lá é a Cider Beer, uma cerveja feita com maçã que pode ser encontrada em praticamente todos os pubs. E como não citar as IPAs – a perder as contas, ou qualquer outro estilo que, americanizado, recebe punhados e mais punhados de lúpulo. E é aí que a paixão vai tomando corpo...
O jeito radical americano de fazer cerveja vem conquistado paladares no mundo inteiro. Já não é de hoje, que fique documentado! E digo radical porque são contra miséria: se é para ter amargor, que seja de verdade! Por sinal, a forte pegada de lúpulo – de aroma e amargor, é a principal característica deles. Se é para ser alcoólico, que marque presença! Ou seja: tudo chegando lá nos extremos, mas sem perder o equilíbrio. E apesar desta característica ser marcante, ainda não se pode dizer que existe uma escola “americana”, como existem a belga, a inglesa e a alemã. Por isso, ainda falamos que é o “jeito americano de fazer cerveja” – exatamente como iniciei o parágrafo.
De todas as experiências etílicas que tive por lá, marcante mesmo foi a nova-iorquina Ithaca Flower Power. Uma IPA de respeito, com verdadeira explosão de lúpulos: extremamente aromática, perfumada, refrescante, frutada e amarga na medida certa,. Excepcional! E descobrir essa perfeição ficou marcado também: o pub, Blind Tiger, que fica em um bairro bem boêmio da ilha, o Village.
Chegar até o lugar só por indicação mesmo: de um amigo cervejeiro, que me chamou no facebook e soltou a frase mágica “uma carta de cervejas artesanais americanas”. Que soou como uma música aos meus ouvidos. Já, a escolha do chopp, ficou por conta de um simpático senhor, que me vendo perdida entre as opções se propôs a ajudar. Daniel é um verdadeiro americano, frequentador assíduo do pub, que conhecia de cór e salteado todas as 40 variedades, além de ser apaixonado por cervejas. E como ele não errou, fui seguindo seus conselhos e ouvindo as explicações sobre as cervejas e os lúpulos americanos noite adentro. Para não fazer feio, também falei das nossas preciosidades brasileiras que, infelizmente, ele ainda não conhecia. Foi uma noite de descobertas! Deixando um destaque aí para uma Tripel americana, uma deliciosa novidade pra mim!
Para minha tristeza, não consegui degustar todos os chopps que eu queria, nem no Blind Tiger, nem nos outros que visitei! Mas confesso, que essa parte só me deixa com mais água na boca para voltar a NYC. Literalmente!
E como não pode deixar de ser: ein prosit!
Ludmilla Fonttainha é jornalista, produtora de televisão, integrante da Confraria Feminina de Cerveja (Confece) e beer sommelier. Uma apaixonada por este caminho sem volta, que é a apreciação da cerveja artesanal!
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