sábado, setembro 21, 2013

Cervejas single hop, um caminho interessante. Por Alessandro Pinesso*


No vasto universo dos uísques, os mais valorizados costumam ser os single malt, ou seja, bebidas preparadas com uma única variedade de malte, em contraponto aos blended, que podem conter 30, 40 ou mais uísques.

No preparo de uma cerveja, o mais comum é que ela contenha algumas variedades de malte e também de lúpulo, a planta que confere amargor e outras características sensoriais à bebida. Sobre este ultimo, já falamos em uma coluna anterior (leia aqui http://www.papodevinho.com/2013/08/lupulo-o-tempero-da-cerveja-por.html).

Agora, é possível encontrar cervejas elaboradas com uma única variedade de lúpulo, denominadas single hop (“hop” é lúpulo em inglês). É uma maneira interessante de verificar como este ingrediente influencia no resultado final da bebida.

O mais recente lançamento que provei foi o kit Single Hops da cervejaria Dama Bier, de Piracicaba, no interior paulista. São quatro cervejas, cada uma representando um elemento da natureza (água, terra, fogo e ar), todas utilizando a mesma cerveja base, uma India Pale Ale com 6,5% de álcool, cada uma com um lúpulo diferente. Para que a intensidade dos lúpulos fosse ainda maior, todas passaram pelo processo conhecido como dry hopping, onde uma dose extra de lúpulo é adicionada no final da maturação.

Cada cerveja leva o nome do lúpulo nela empregado. Se a ideia for degustar todas numa mesma sessão, a sugestão é fazê-lo na ordem proposta abaixo:
Dama HBC 342 – Elemento água. Notas herbais e cítricas, com leve malte. O amargor, suave no início, se mantém por um bom tempo na boca. Elaborada com uma variedade experimental importada dos EUA, HBC 342.

Dama Ahtanum – Elemento ar. Lúpulo perfumado, floral, com cítrico suave, com leve picância, elaborada com o lúpulo Athanum, cultivado no estado norte-americano de Washington.

Dama Motueka – Elemento Terra. Lúpulo delicioso, com cítrico que provoca salivação e estimula o próximo gole. O Motueka é importado da Nova Zelândia, desenvolvido a partir do cruzamento de uma variedade local com o famoso lúpulo Saaz, da República Checa.

Dama Topaz – Elemento fogo. Amargor intenso, com final seco, não vai agradar a quem não aprecia cervejas amargas, mas ainda é interessante.  A variedade Topaz é produzida na Austrália.

Das quatro, gostei muito da Motueka, de longe, a melhor das quatro, seguida de perto pela Athanum. A HBC 342 e a Topaz são interessantes, mas sem a mesma drinkability das anteriores.

Para conferir, procure nas boas casas do ramo, com preço em torno de R$ 53,00. Trata-se de uma edição limitada, então é bom se apressar. 
Até a próxima!

*Alessandro Pinesso é sommelier de cervejas formado pela Associação Brasileira de Sommeliers (ABS) e Association de la Sommellerie Internationale e Mestre em Estilos Cervejeiros pelo Instituto da Cerveja Brasil, associado ao Brewers Association dos EUA.

E-mail: pinesso@gmail.com

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