Marília é uma mulher tão bonita que encontrar um homem que faça todas suas vontades é a tarefa mais simples do mundo.
Marcos adora vinhos, conhece vinhos e frequenta lugares onde se fala, se bebe e se disputa. Sim, sempre tem um que já provou um vinho melhor e o jogo de exibição vai longe.
Com Marília é diferente.
Não quer entender nada do assunto, apenas quer uma boa taça de vinho docinho (palavras dela) para degustar.
Não estamos falando de nenhum Sauternes, Porto, Banyuls, não.
Falamos mesmo dos vinhos suaves.
Vinhos de garrafão, baratos, elaborados com uvas não viniferas.
Marília gosta, então gostamos também.
Marcos se sentia envergonhado quando na alta roda, Marília falava do seu gosto simples, mas entre eles não havia cerimônia, até comprava uma garrafa de vinho suave para ela com certa frequência.
Vinho quente então, Marília adorava!
Marcos abria garrafas de Sauternes, Vin Santo e de vários colheita tardia para agradar Marília e ela gostava, mas no fundo preferia o vinho suave de São Roque, Vinhedo ou mesmo do Rio Grande do Sul.
Questão de gosto.
Então é melhor deixar os doces mais caros e requintados na adega.
Um dia Marcos foi convidado para uma degustação onde estariam produtores, importadores e profissionais da área.
Marília pediu para acompanhá-lo.
Marcos concordou mas pediu que Marília não falasse em vinhos docinhos.
Marilia concordou, e lá foram eles.
Para surpresa de Marcos Marília passeou entre as mesas sem nenhum problema.
Provou diversos vinhos e nem falou a palavra "docinho".
Depois de uma hora e diversos copos, Marcos olhou para Marília e viu ela tirando da bolsa um pequeno frasco e derramou um líquido no vinho.
Ficou espantado mas não perguntou nada na hora.
Quando se olharam sozinhos no elevador Marcos perguntou: Gostou dos vinhos, hein?
Eram vinhos finos, secos.
-Finos sim, secos não!
-Como não?
Marília mexeu na bolsa tirou o frasco e mostrou para Marcos.
-Adoçante meu filho! Acha que gosto daquela coisa seca pegando na minha boca...
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