quinta-feira, agosto 15, 2013

Um encontro histórico com o Mestre Adolfo Lona. O Orus provou que é mesmo o melhor espumante do Brasil, numa vertical de sonhos...


Não pensei duas vezes quando o Adolfo me indagou: vamos fazer uma vertical do Orus no Rio, pode ir?
São Paulo fica a menos de 1 hora de avião da Cidade Maravilhosa e a chance de provar uma vertical do melhor espumante do Brasil fica a anos luz de qualquer pessoa que não seja o próprio Adolfo Lona.
A conversa, a aula e o prazer de provar essa vertical passou num segundo.
Das 17 às 23h, provamos duas verticais, iniciamos falando do Orus.


Ele só faz 600 garrafas por ano.
Não quer aumentar, não vai aumentar e não deve aumentar.
Quando cheguei ao maravilhoso restaurante Aprazível, em Santa Tereza, já reencontrei Adolfo, sempre simpático e disposto a falar sobre qualquer assunto. Doa a quem doer...


Eram 6 garrafas do melhor espumante do Brasil. Não são safradas, mas eram dos lotes 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013.
Sendo assim, podemos facilmente dizer que a do lote 2008 tinha uvas colhidas em 2006, 2005...
Antes de começarmos, Adolfo falou rapidamente sobre os espumantes que só vão para o mercado depois de 12 meses em contato com as leveduras e mais 12 meses engarrafados, já com a rolha:




Provar um espumante não safrado, que foi colocado no mercado em 2008, seria uma temeridade.
Não para o Orus.


O 2013 foi elaborado com uvas de 2008 e 2009.
O vinho base ficou em tanques de aço.
No nariz ainda um leve toque verde.
Notas cítricas, pão, manteiga, pão doce, frutas vermelas.
Na boca uma cremosidade digna dos grandes champagnes.
Perlage barulhenta, fina...
Espumante longo e elegante.
Nota 88,5

Passamos para o lote 2012.
Mais dourado na cor.
Outra vez as notas cítricas, de frutas vermelhas, pão doce e couro.
Na boca a mesma cremosidade, equilíbrio e classe.
Longo.
Nota 89,5

O lote 2011 foi o primeiro que provei quando visitei o Lona em Garibaldi.
A perlage é excelente, barulhenta, inquieta e fina.
No nariz as notas trazidas pelas leveduras dominam.
Na boca é cremoso, com as borbulhas menos agressivas e longo.
Nota 88

O lote 2010 trouxe mais notas florais, o mesmo toque de leveduras com pãso torrado, manteiga e notas de frutas cítricas e vermelhas.
Perlage bem fina, persistente.
Na boca era o mais macio até o momento da degustação, o mais classudo, com uma cremosidade impressionante.
Longo como todos, elegante como poucos.
Nota 91

O lote 2009 era o que tinha menos notas cítricas, notas de brioche, flores brancas e cereja.
Na boca é elegante, cremoso, longo, com notas de pão na chapa.
Longo, longo, longo.
Complexo.
Nota 91

O 2008 seria uma temeridade se o espumante não fosse tão grandioso.
A perlage sobrvive.
Borbulhas finas e rápidas, com um barulho bem fino.
No nariz um toque positivo de oxidação, do tipo que da complexidade aos vinhos.
Frutas cítricas, leveduras, pão torrado, brioche, ervas aromáticas, flores brancas.
Na boca não tem nada sobrando e nada faltando. É o que qualquer pessoa pode esperar de um espumante equilibrado e elegante.
Longo como nenhum outro lote.
Acidez impecável.
Nota 91,5


Adolfo posou com as taças cheias depois de muita insistência.
Queria continuar conversando, sem paradas.
Queria continuar analisando a evolução de sua obra, que parece ainda infinita.
Nenhum sinal de decadência, nenhum sinal de que o espumante não evolua mais positivamente.
Um mistério para o ano que vem.


Nessa foto com os vinhos tintos, o segundo desafio da noite.
Mas isso fica para amanhã.
Adolfo Lona testou os Baron de Lantier, vinhos que elaborou na década de 90.
91, 92, 93, 94, 95 e 96.
Aguardem!!!





O Vinho e a Pintura - Christopher Mize - 4



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