segunda-feira, junho 13, 2011

Lidio Carraro é o terroir gaúcho sem madeira



Na Lidio Carraro, a Patrícia explicou toda a trajetória da família e os momentos decisivos como o corte de umas vinhas velhas que cortaram o coração do pai.
Patrícia falou da primeira safra dos vinhos de boutique, quando começaram pelo topo da pirâmide e ganharam um desagradável estigma de careiros.


O lançamento dos vinhos mais baratos e as pontuações internacionais (18/20 pontos de Julia Harding no site da Jancis Robinson).
A grande aposta da família está em Encruzilhada do Sul, onde o clima é mais amigo das uvas, safras mais regulares e Lazo TPC, nome da máquina que joga ar quente e veloz sobre as plantas e aumenta significativamente as defesas naturais contra pragas.


Sobre o uso da madeira, não há previsão, os vinhos devem representar a variedade, o terroir.
Muitos vinhos apresentam características e aromas que normalmente são característicos do carvalho, mas nesse caso são do cuidado, da maturação completa das uvas, estágio em tanques e garrafas.
Patrícia contou que nos sonhos mais íntimos da família Carraro estava o sucesso internacional.
Hoje os vinhos estão em 17 países e representam 12% das vendas.


Começamos a prova pelo Dádivas Chardonnay 2010, um vinho que recebeu 17 pontos de Julia Harding, vinho com boa tipicidade, notas de abacaxi, pera e pão.
Na boca é fresco, bom volume, equilíbrio e final persistente.
O Dádivas Pinot Noir 2010 é na minha opinião o Pinot Noir mais característico já produzido no Brasil.
Começa com aromas de cereja, morango, framboesa e parte para aromas de funghi, terra molhada.
Na boca tem corpo médio, é elegante e equilibrado. No retrogosto notas de tabaco.
Final refrescante e persistente.
O Agnus Merlot 2008 é cheio de frutas vermelhas no nariz.
Na boca é macio, elegante e tem no final um toque herbáceo.
O Cabernet Sauvignon 2008 é um vinho com mais corpo, com notas de cassis e  pimentão verde, que mostram que a proposta da vinícola de mostrar as características de cada variedade são cumpridas à risca.
Um vinho macio e equilibrado.
O Agnus Merlot (60%)/Cabernet Sauvignon (40%) 2008
parece mesmo um vinho de Bordeaux. Da margem direita.
Cassis, flores, tabaco, couro, tudo isso sem madeira.
Na boca é elegante, com taninos finos e final longo.
O Elos Touriga (77%) Tannat(22%) 2008 tem aromas de louro, cravo, lírio, violeta e cereja.
Na boca é macio, aveludado e o cravo aparece de novo no longo final.


O Elos Cabernet Sauvignon/Malbec 2008
também tem notas florais, frutas negras e ervas.
Na boca tem ótima acidez, macio, elegante e longo.
O Quorum 2005 é especiado, frutas vermelhas maduras, couro e tabaco.
Na boca a mesma maciez característica dos vinhos Lidio Carraro e um final longo e equilibrado.

O Singular Nebbiolo 2006 é mais um vinho que respeita as características da variedade como se seguisse uma fórmula mágica.
Floral, couro, terra molhada, cereja ameixa seca e azeitona.
Na boca é potente, taninos finos, equilíbrio e final longo.
Terminamos com uma mini vertical do Singular Teroldego (2007, 2008, 2009)
todos eram macios e bem equilibrados na boca.
No nariz o 2007, mais pronto, mostrou notas defumadas, amora, funghi seco e caixa de charuto.
Final longo.

Saímos com a sensação de provar uma proposta.
Quase uma aposta ousada de deixar pra trás os vinhos comuns para começar vida nova com vinhos de qualidade, vinhos de personalidade e que expressam o verdadeiro terroir gaúcho.

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