segunda-feira, junho 21, 2010

Pato no Tucupi Harmoniza com Vinhos?

Depois da harmonização com o Barreado, encaramos uma tarefa muito mais difícil, dia 16 de Junho, no Restaurante Tordesilhas. O Pato no Tucupi, prato típico da região norte, provoca uma leve dormência na língua e na boca por causa do Jambu, uma folha que faz parte tanto do preparo do Pato no Tucupi quanto no Tacacá, que foi servido como entrada. Não conhecia o Tacacá. Gostei demais! Esta foto mostra o momento da harmonização com o Pato no Tucupi. A Chef Mara Sales aparece a esquerda, provando o vinho depois de ter deixado todos os participantes em estado de graça com a sua cozinha. Entre ótimos vinhos importados, os que melhor harmonizaram com o prato foram vinhos brasileiros. Uma surpresa super agradável! O campeão da harmonização foi um vinho brasileiro, bem mais barato que os outros, desprezado na época, mas que está vivo, distribuindo prazer desde sua safra, de 1991. Isso mesmo 1991! uma das melhores safras da história do Brasil. O vinho Baron de Lantier com uvas colhidas há quase 20 anos, engarrafado há 17 anos, não só está vivo, mas combinou com um dos pratos mais difíceis de se harmonizar. O enólogo do vinho, Adolfo Lona (http://www.adolfolona.com.br/empresa.htm), informou que o vinho foi produzido em um ano que apresentou mais de 100 mm de chuva nos meses pré-colheita. Uma desengaçadeira importada retirava o engaço com perfeição, a maceração foi em aço especialmente construídos para retirar os componentes da cor provocando o menor atrito possível entre as cascas. Barricas francesas novas com duelas serradas (as primeiras existentes no Brasil). Passou 12 meses em barrica e 18 em garrafa antes de ser comercializado. Iinformações sobre a safra histórica: Em 1991 choveu 45% menos do que a média na região. A ensolação foi 20% maior. A colheita aconteceu entre 17 de Fevereiro e 22 de Março de 1991, o álcool potencial das uvas era de quase 12% (fato inédito no Brasil). Foram 321 mil litros entre Cabernet Sauvignon e Merlot, apenas 100 mil foram reservados. O corte final foi composto de 85, 5% de Cabernet Sauvgnon e 14,5% de Merlot. O vinho foi colocado no mercado em Outubro de 1994. O Cabernet Sauvignon foi o primeiro vinho brasileiro exportado para o Canadá, onde foi premiado em um concurso internacional. Participaram da degustação: Álvaro Galvão, Agilson Gavioli, Beto Duarte, Breno Raigorodsky, Cris Couto, Ivo Ribeiro, Jeriel da Costa, Maurice Bibas e Walter Tommasi. Levando em conta apenas a harmonização com o Pato no Tucupi o resultado foi o seguinte: 1- Baron de Lantier Cabernet Sauvignon 1991 (Brasil) com nota média de 7,6 2- Marson Grand Reserva Cabernet Sauvignon 2002 (Brasil) com nota média de 7,3 3- Don Laurindo Tannat 1999 (Brasil) com nota média de 7,3 Foram provados 12 vinhos do Brasil, França, África do Sul, Espanha e Austrália. Ficou claro que os vinhos mais evoluídos (mais antigos) combinaram melhor com o prato. Um dia para não esquecer e para lembrar que o Brasil produz bons vinhos há bastante tempo. Talvez muita gente ainda tenha aquele complexo de vira-lata que Nelson Rodrigues falou.

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